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Aldeias

Espalhem a notícia:

Acabo de saber que estou amancebada com um senhor, muito bem posto, por sinal. Trabalho numa lavandaria que por sua vez trabalha para hotéis. Conduzo um Opel Corsa cinzento, e ainda a semana passada me viram no cabeleireiro lá da aldeia de onde me mudei há um ano. Tenho um dedo partido e engessado, e parece que foi o tal senhor muito bem posto que o fez. Dá-me umas traulitadas de vez em quando.

Por acaso fui hoje à cabeleireira, aparar os erros do meu último surto de auto-baetada, mas não reparei em gesso nenhum.

Pelo sim e pelo não, amanhã vou fazer um raio x, e vou começar a espreitar para debaixo da cama, antes de me deitar, para ver se apanho o tal jeitoso, para lhe partir os vinte e quatro dedos. 

Quem diria que os mitos nascem assim…

Traste, ou trago-te eu?

Há oito anos que tropeço neste vitelo. Preto, grande, alegre, coerente e com uma forma de enrugar ora uma ora outra sobrancelha que toca para sempre os mais chegados. Pois envelheceu. Encheu-se-me de ferrugem. Há dois dias apareceu-me na sala, às onze da manhã _ não gosta de se levantar muito cedo_ a arrastar as patas traseiras. Sono? Tolice? Não. E eram as duas ao mesmo tempo. Soaram-me as sirenes, o meu cão não anda, doutor, traga-o já. E ele que passa dos 50 kilos, e muito. Conseguir que entrasse no carro, antes já tinha caído para dentro das ervas à beira aqui do caminho, na tentativa de aliviar a bexiga.

No raio x, quando tentaram o plano em que tinha que ficar de barriga para o ar, aí, aí, tive que gritar parem, ou ele parte isto tudo e nós voamos lá para fora. Um gajo está cheio, mas cheio de dores, deixa que lhe enfiem o termómetro no rabo, apalpa aqui, dói?, pois sim senhor, apalpa ali, dói? pois sim senhor, e depois, querem-me vencido em cima desta cama de ferro, de barriga para o ar? E ela feita convosco? Nã. Nã.Nã.

E nã. Eu não estava feita com eles. Tiveram que fazer o raio x de lado. Também com tantas astrites, artroses, hérnias e o diabo a sete, qualquer posição dava.

E agora, cortisona, meu preto. Todos os dias, até ao fim dos dias. E litros e litros de líquidos, mais os que vejo sair que os que vejo entrar. E inventaste aquele bater de dente igual ao de quem tem frio para dizeres ou é JÁ, ou faço no tapete.

E largo tudo, e vou descalça, e espero agachada contigo aqui à beira do caminho, dois e às vezes três minutos, até que te alivies. Depois voltamos a casa, calço as galochas  lá vamos, como antes, armados em fortes, meter medo a quem nos passe pela frente.

Trago-te eu, claro, meu cão.

E trago-te o brinquedo de peluche, de cada vez que chego a casa e na aflição da alegria ficas sem saber dele.

Antigameeeeeeeeeeeente

Antigamente eu sabia como entrar directa nesta coisa, para coisar.

Como se o Linton Kwensi Jhonson fosse o Z da play list que não tenho, para a faxina cá da cubata, saquei um à toa e saiu-me o Paulo de Carvalho, em edição da Renascença. Eu, EU, SIM, ESSA MESMO, EU, ouvi educadamente o “Natal é quando um homem quiser”… é que desculpo tudo ao homem, pelo “Nambuangongo”, que conheci, e foi verdade.

Mas agora, de avental ao peito – também tenho fetiches, graças a deus-  ouvir o Dia a Dia de 1974, do José Niza e ver que a única mudança é que ela não sai com os sapatos pisados do autocarro, ela sai com os saltos puídos do JEEP, puta que pariu, a vida não muda.

Mudam os otários.

Vou deprimir

Fui banida. Deslinkaram-me. Não acredito que seja o inferno astral que rodeia a data de nascimento. Que pena.

CARAMBA

Já não me lembrava de como entrar aqui no frente loja. Tanto tempo, tanto que até fiquei mais crescida. Pelo meio, um  blogueiro umbiguista
que posta fotografias, bem bonitas por sinal, exigiu a minha morte, porque aqui colei duas que me eram especialmente caras, de árvores. Não esqueci o link e o nome, mas mesmo assim o moço fez com que o India  Velha fosse suspenso. Vá lá, recuperei-o, simpatia do WordPress. Parece que já não se pode elogiar. Aqui vai o link dele:

Não, afinal não vai nada. Não vá ele fazer queixinhas outra vez, e fico sem o belogue.

Ai, Sabina, se todos soubéssemos castelhano…

A la mas puta de todas las señoras y la mas señora de todas las putas

El flaco que los tiene de oro, y que me pone como me gusta que pongan.

Continuas muito bom

Tenho que ir ali a Coimbra num instantinho

Deixaram-te melhor que antes?

Post it

Não se esqueça de mim
Não se perca de mim
Não desapareça
A chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo de perder a cabeça
Não saia do meu lado
Segure no meu pierrô molhado
E vamos embora ladeira abaixo
Acho que a chuva ajuda
A gente a se ver

É do Caetano, pá!

E por aqui começou a chover, a sério.

Viva, viva!

Que saudades! Senti tanto a tua falta.

Sim, tu, o do vintenove.

29 de Julho

Parabéns

Convalescenças

Meu querido foraminal,

Habito um futon de dois por dois, a dez centímetros do chão, preparado física e psicologicamente para situações ortopédicas.

Por outro lado habita-me uma alma de enfermeira.

Na cozinha habitam chás e mezinhas várias.

Há um armário habitado por óleos essenciais.

Há um coração habitado por carinho para doentes terminalmente mal humorados.

Sê bem vindo, se quiseres.

Se eu quiser

Quando for grande caso-me a uma Terça Feira com um véu de quatorze metros.

Protegido: Oh B!

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19/06/2010

Até mais ver, meu querido. Sei que te doeu vê-la assim, tão só no meio de todos. Tão só e sem ti. Que bonita a fita preta a prender-lhe o cabelo.

Pensavas que não?

Bravo

Louise Nadeau retirou-se aos quarenta e cinco anos. Foi durante dezassete, figura principal do Ballet de Seattle (PNB). Uma das minhas favoritas. Foi em Julho passado, e só soube hoje. Olé!

Vai ao google II ou p’raí XVILCIIIVX

“homens bonitos nus com pau de fora”

O que levará o google a mandar esta malta para aqui?

Vai ao google e pergunta

“na india eles andam de que ?”

O certo é que chegou aqui. Se saiu elucidado é que já não sei.

Ratz Ratz Ratz

Caraca, será isto uma epifania?

O Santo Padre acaba de dizer aos portugueses que o único, e sublinho, único meio de atingir a felicidade e a paz é acreditando e seguindo a Cristo.

Ora, a minha epifania resume-se à conclusão de que, não sendo crente, nunca fui feliz e nunca tive paz. Pois se o homem o diz, ele lá deve saber. 

Outra epifania: estiveram mais a festejar o Benfica no Marquês do que na missa do Ratz.

Já agora, aquela coisa toda leiloada não daria para financiar uma data de projectos por aí?

Fintar a vida

Vejo muitos rirem da imagem. Para mim é divina. Leva-me à construção dos meus carrinhos de rolamentos, as corridas avenida abaixo, entre as seis faixas de rodagem (nunca fui atropelada), o pneu quanto maior melhor, com um pouco de água lá dentro, um resto de sabão azul, um pau de vassoura em cada lado, e mais uma corrida pela avenida. A placa de madeira tunningada ao limite, com almofada na zona do assento e atapetada com o capacho velho lá de casa. Cientificamente colocada no topo da escadaria, metade assente no degrau, metade em equilíbrio no espaço, o cuidadoso sentar e o gesto heróico de empurrar com os pés o lado suspenso para baixo, clac clac clac, escada abaixo vertiginosamente, e o sangue frio suficiente para não deixar aquela merda perder o rumo. Caso contrário era queda aos trambolhões até ao fim. Não era para todos, e fui várias vezes sagrada campeã. Nem um osso partido. Quando a vizinhança não aguentava mais o barulho e a minha mãe saía ao patamar, levantava-me, esticava a saia com as mãos e ninguém podia dizer que aquela santa de sete anos era capaz de tais barbaridades. 

Aliás, o pneu é de grande utilização em África. Desde bóias de câmara de ar (o Volkswagen azul cueca da minha mãe, com o meu tio ao volante e eu ao lado, de braço de fora a agarrar a câmara de ar de tractor a caminho da praia), sapatos, vasos e acessórios de linchamento, delicadamente colocados à volta do pescoço da vítima, o pneu, dizia eu, faz parte da minha construção enquanto pessoa. Usei-o e vi-o ser usado em todas estas formas.

29 de Abril

Parabéns, Toino!

Photoshop

Não sei qual o mais doente. Se o pai que ficou sem as pernas ou a filha, acometida por uma estranha doença que faz inchar a perna desmesuradamente. O ter o pé direito na perna esquerda e o esquerdo na direita já coisa congénita.

Daqui: Photoshop Disasters


Porque sempre

Maria

Maria en el corazón

y el corazón en la mano.

 

Que bom quando quatro ou cinco palavras chegam para fazer a canção inesquecível.

Zedet

Não respondeu. Estava entretida com um garoto que se lhe sentou ao colo. Tentava mostrar-lhe o arremesso de bigode. Tinha pintado o cabelo e ela ria-se. Estou a ficar homem, não estou? Com esse cabelo não vais longe. Encontrei um frasco. Encontraste ou roubaste? Encolhe os ombros. Não estavas hoje no autocarro. Já se nota? Se rapar todos os dias cresce mais depressa, não cresce? Também roubaste a gilete? E por cima do ombro dele: Este meu amigo chama-se Zedet, que é José em estrangeiro e já foi ao Algarve e voltou no mesmo comboio. Vens ter comigo à entrada das pensões? Vem, vá lá. Estamos lá todos. A morena traduz: a entrada do palácio da Horta Seca, onde agora se pagam as pensões de sangue fica aberta depois do expediente. Foi lá que se conheceram. Ela a tratar da pensão de sangue e ele a tentar roubar. Tinha nove anos. Pira-te, puto! Porquê, és dona disto? Sim! Da casa???!! Sim!!! Tándar!!! Da casa? Já disse, andor! A casa é tua? Sai daqui! Já ele estava na rua, à frente do dedo estendido. Ameaças de canivete e uma chapada desarmante na mão. Voltou para a bicha dos títulos. Ia lá todos os meses. À saida viu-o com os amigos. Urdia vinganças. Depois encontrou-o no autocarro. Então, já te vingaste, ou é agora? O miudo não tinha bilhete, melhor era não fazer escandalo. Ela obrigou-o a sentar-se ao seu lado, e foram o resto do caminho a rir. Ria do nome, ria dos modos e ele foi-se encaixando debaixo do braço dela. Com aquele rapazinho não se falava de pais nem de famila, nem de casa. No dia seguinte, lá estava ele no autocarro. E nos outros dias, por muito que alterasse os horários. Tocava gaita de beiços, berrava, perguntava se era bonito e ela encolhia-se no banco, a rir.

Receita

Junte-se:

Um rapaz novo apaixonado

A menina jardineira

Uma moto serra

Uma encomenda

Ele quer mostrar trabalho e tira-lhe a parte mais pesada. Agarra-se com afã à moto serra para cortar os galhos mais grossos. A ideia foge-lhe para outras paragens e a lâmina nova e solidária acompanha-o. Acabo de pôr a chave na ignição, olho pelo retrovisor e vejo duas almas rodopiarem atrás do meu carro como galinhas sem cabeça. A serra no chão. Saio, o sangue esguicha e suja-me a fachada de casa. Ele continua a rodopiar, grita por uma ambulância e ela dispara a correr rua fora. Olho-lhe para o braço, galgo o muro e atropelo quem vejo à frente. Agarro na farmácia e no frasco de água oxigenada. Ele foge, eu grito não é álcool e agarro-o. Já o Hugo chegou às traseiras, não olhes, ele olha, dá uma volta sobre si, tenta fugir mas regressa de imediato, a noiva regressou rodopiante com os seus uivos. Vêm-se os ossos, os tendões, Hugo vai ao quarto do António e traz a caixa das luvas (são muitos os piercings), atiro água oxigenada para o buraco, não devia ter escrito sobre o borrego, passou-se há 10 anos e eis-me outra vez de frasco na mão, o moço amarelo, o Hugo transparente, pressiona aqui, bloqueia esta veia e esta artéria, ela para o 112 aos gritos, manda-os para a outra parte e desliga, atira-se para os pés dele e diz amo-te, ele eu também, tanto sangue, meu amor, não, é só da água oxigenada, eu a saber que artéria estava cortada, Hugo não te vás abaixo, faz pressão enquanto em ponho compressas e ligo esta merda para estancar a hemorragia, o moço descompensa, tento evitar o choque, ela continua a chorar, o telefone toca, é outra vez do 112, sim, já estou a tratar disso, tive que fazer garrote por compressão, não faça isso, faço sim, vá para o caralho eu é que cá estou, e não venham que não dá tempo, eu própria o levo, sim, é o melhor, Hugo já está, começa a descomprimir muito devagar, o moço vomita, vai outra vez ao quarto do António e traz-me uma toalha, por favor, embrulho-lhe o braço, deito-o no banco de trás e saio não disparada, pela 125. Não tenho travões, não tenho seguro, não tenho nada, o carro continua apreendido, e temos que parar para pôr gasóleo, porque a boia está avariada e nunca sei quantos litros tenho. Os clientes da bomba cedem-nos a vez, lá vamos nós.

Vai para Faro, tem a artéria cortada. E o polegar? Não consigo ver com tanto sangue, aqui no SAP não há pinças para “clampear” a artéria, se houvesse eu conseguia tratar de tudo, mas tem que ser operado lá, que é onde há clamps. Chega a unidade de Suporte Avançado de Vida, a ambulância amarelo limão, a médica e o enfermeiro com melhores equipamentos que o próprio SAP, parecem alpinistas de documentário, mochilas, aparelhos, tubos e computadores, levam 20 minutos para o estabilizar. Por fim está o médico e os enfermeiros comigo, nas traseiras a fumar e a relaxar depois do susto. Lá dentro estão os do INEM a estabilizar o rapaz para o transporte. Sai envolvido em prata amarela, só lhe falta os fios de ovos, para ser um D. Rodrigo. Em casa, o Hugo consegue recolher metade das compressas que ficaram espalhadas pelo chão, e corre para o quarto de banho, vomita e vomita, toma duche e cai para o lado. Chega a vizinha de trás, vê a sangria, as luvas lilases, os copos de água, e telefona-me. Estou dar chá de camomila à noiva, enquanto esperamos a partida para Faro. O médico diz-me que o garrote por compressão foi o melhor que se pôde fazer por ele.

Acabo de receber notícias de Faro, coseram-mlhe a artéria, coseram-lhe os dois tendões que foram à vida, vai ter alta e tem que lá voltar na 3ª para a Fisio.

Uma tarde bem vivida. 

Grande Hugo!

Evo?

O presidente boliviano Evo Morales aconselhou esta quarta-feira os homens a manterem-se longe dos frangos de aviário para evitarem a calvície e a… homossexualidade.

Aviso

Não me obrigues

a postar outro video,

como quando vieste para baixo.

Desta vez escolho um muito mau.

No outro dia

O borrego cego perdeu-se do rebanho e durante a noite duplamente negra foi atacado por cães selvagens. O Ti Celestino deu com ele de manhã cedo, e a custo trouxe-o para a casa grande. Pediu-me que o segurasse mas nunca pensei que um borrego jovem tivesse tanta força. Por fim foi ele que o agarrou enquanto eu atirava golfadas de água oxigenada para dentro dos buracos enormes que tinha na barriga. Espantei-me por não arder. E doeu-me a escuridão daquele bicho, o não compreender nem o que lhe tinha acontecido nem o que agora se passava. Outra batalha para o pôr dentro da vedação, recusava mexer-se, mas parecia bem. Não sobreviveu. O borrego não era de nenhum de nós. Agradecemos um ao outro e seguimos as nossas vidas. Trocávamos amiúde coentros e podas de roseiras antigas. Éramos vizinhos. Há dias encontrei-o ali na tasca, a almoçar com a irmã e o sobrinho. Levaram-no para o carro numa cadeira de rodas e voltaram para dentro para pedir a conta, Ti Celestino… Foi em Faro, cortaram-me a perna, foi dos diabetes. Ti Celestino, e agora? Já não fuma charros? Acha? No lar da Santa Casa?! E as tatuagens? Ah, isso é diferente, sempre que o Mika cá vem vai lá ao lar e faz-me uma nova. Arregaça a manga e vejo as novidades. Começa a chorar. Mas já não é a mesma coisa, sabe? Quando era lá no café era diferente, eu começava e depois todos queriam fazer. Mas Ti Celestino, quantos anos tem agora? Noventa e três, porquê?

Às vezes…

ainda acredito em músicos.

Ora cá estão duas coisas completamente diferentes!

Lady Gaga

(Gosto muito do soutien)

E uma página de revista

Inquérito

Será que a Zita também deu cabo do meu Arquiduque?

Notícias importantes

A Rita Guerra tirou os implantes mamários

A Marta Cruz pôs implantes mamários e fez uma lipo aspiração

A Teresa Guilherme tem novo namorado

Todas estas novidades numa só revista, a Lux, que li ainda agora ali à do Paulo Carocho.

Tut mir leide

Lamento, queridos googlistas, mas não sei nada da vagina da Carolina Salgado, nem sei o que é a crise glup.

As minhas desculpas.

São uns fofos

Uns enfiam-se em autocarros entre urros e bejecas, ruminam ódios tribais e metem-se à estrada.

Outros atiram garrafas para os carros em andamento das claques opostas.

Uns e outros destroem tudo à sua passagem, apedrejam-se mutuamente, com gritos de morte aos não sei quê. As hordas envolvem-se em cenas de extrema violência, matam e esfolam e quando um deles leva uma cacetada da polícia vem logo para a televisão mostrar o dói-dói e chorar pela mãezinha, aquela santa.

Levei uma ou outra berlaitada da polícia de choque quando andava nas manifes e nunca me queixei. Sabíamos ao que íamos.

Pêésse: Claro que não falo da por vezes (muitas) desproporcional força da polícia nas cargas, nem da leveza do dedo no gatilho de alguns agentes!

Basquiat, para começar o dia

De repente, uma dúvida

 

Que é feito do Fidel, pá?

Dançar em Haifa

Encontrado no Cão com pulgas

A alta cultura

Aqui há muitos anos, perguntei à minha mãe o que era isso da alta cultura. São uns senhores com sofás de veludo verde garrafa que se espremem para ler o Ulisses, não vá serem apanhados por alguém que o conseguiu ler. Assim como a tia Dá? Não, com ela foi diferente. Não acho que o Guerra e Paz fosse alta cultura, ela apontava as personagens num caderninho porque eram muitas, estava grávida e tinha medo de ter convulsões. Saiu-lhe o filho asmático, mas não penso que fosse por isso. E o Zamacois? Qual deles? Calei-me e abri “A nossa luta na Sierra Maestra” enquanto ela me olhava de soslaio (bonita palavra, pá) e encolhia os ombros.

A propósito, o meu primo asmático chama-se Dante. Orquideo Dante, e não é mentira. Mas chamavam-lhe Iasalde.

Não gosto que falem mal de Portugal, mas..

Anda pelo Facebook uma petição, ou coisa perecida, a dizer “Música pimba não é alta cultura”. Ouvi a ministra e não me pareceu que tivesse dito tal coisa. Disse sim, e pela primeira vez, os valores que a cultura movia, abarcando todas as suas formas, desde a música pimba à ópera, passando pelo cinema, teatro e coiso e tal.

A nossa burguesia não consegue deixar o novorriquismo, o snobismo bacoco e as vernissages. Nem os que estão à frente dos grandes “baluartes” da cultura dita clássica e erudita sabem do seu trabalho.

Procurem no Google imagens de As Tentações de St. Antão, que está como sabemos no museu de Arte Antiga. Népias.NÉPIAS!!!!!!!!!

Um excerto do quadro na Wikipedia, se a procura for em inglês.

Em português, uma fotografia da vitrine, tirada por um visitante.

Pelo próprio museu, outra vez nada.

Se tivermos que contar com essas almas que se chocam tão facilmente com a música pimba para levar em frente a noção de cultura, estamos bem fodidos. 

A mim, nunca me chocou a dita música. Não me estorva, até me diverte, mas eu por mim não tenho nenhuma noção de cultura. Nenhuma, mesmo.

Só porque sim

Deve ter direitos…

Ser grande

Quero, quando for grande, ser um poeta soturno

de cavanhaque e roupa preta (porra que não me deu a métrica)

Quero aparecer em perfil 3/4 na televisão.

Quero falar com os lábios cerrados à lisboeta para parecer incompreensível.

Quero ainda que me comprem livros para poder pagar a renda.

Quero não ser como os outros.

Quero um loft.

 Quero ser como o Vitorino mas em giro.

Quero arabescos e sexo tântrico.

Quero tanto ser poeta…

Dia de quem?


Ando eu para aqui de avental, cigarros em auto gestão pelos vários cinzeiros, a limpar os cantos do frigorífico com palitos (não, não fumei daquilo) e recebo duas mensagens a desejar bom dia da mulher. DIA DE QUEM??????

E para quando o dia do homem?

Não me agrada de todo esta discriminação, eu, que não tenho manias de complot nem sou feminista. 

Há o dia do coxinho, o dia do velhinho, o dia da mãe, o dia do pai… um dia para cada diferença. E rio-me das mulheres com penteados à Maria de Belém, cheias de nuances e aquelas riscas que lhes põem nos cabelos a debitar o quão importante é o dia. 

Sonho com um painel com Marcelo Rebelo de Sousa, Tarzan Taborda e Diogo Freitas do Amaral no Dia do Homem.

Isso sim, é que era igualdade. Proponho desde já a formação de um grupo no faissebuc para a criação do dito Dia.

Para Anette, com amor

Muere lentamente quien evita una pasión,

quien prefiere el negro sobre el blanco y los

puntos sobre las “íes” a un remolino de

emociones, justamente las que rescatan

el brillo de los ojos, sonrisas de los bostenos,

corazones a los tropiezos y sentimientos.

Muere lentamente quien no arriesga lo cierto

por lo incierto para ir detras de un sueño,

quien no se permite por lo menos una vez

en la vida huir de los consejos sensatos,

muere lentamente quien abandona un projecto

antes de iniciarlo.

Evitamos la muerte en suaves quotas,

recordad siempre que estar vivo exige un

esfuerzo mayor que el simple hecho de respirar.

Solamente la ardiente paciencia hara que

conquistemos una esplendida felicidad.

P. Neruda

Ainda o S. Pedro

Estou em crer que é uma beca mariconço, o são coizinho. Como se acagaçou com a minha ameaça, assim como assim mandou uma saraivada de vento. Caiu-me um barrote em cima do carro, que NÃO FEZ NEM UM RISCO. Custo-me tirá-lo de lá, mais a vedação que lhe estava agarrada e os vasos de trepadeiras que a chulavam.

Porque é que beca, mariconço, e coizinho estão assinalados como erro?

É do acordo? Não concordo nem estou de acordo.

E não me provoquem, faxavor, que me vai faltando o sol. Faxavor também?

Lá vai chovendo

Estou em vias de arregaçar as mangas, sair ali para o parque e desafiar o S. Pedro para uma sessão de porrada. Se ele se importar muito, podemos ficar só pelos insultos, que assim bem ou mal sempre conseguia desabafar.

Nas asas de um Basco

 A moça no seu verdadeiro fado de fadista, pelas mãos de um basco que sabe ler, sentir e traduzir Pessoa. Nunca a vi tão fadista. 

Tener el duende calmo, olé, Patxi!

Quanto ao “clip”, é melhor que nada. Pues venga!!!

Além disso, não é UMA PARCERIA, caraca. É um fado composto por Patxi Andion para a rapariga, que ainda não tinha nascido e já o fulano era proibido em todas as rádios, incluindo as nossas. Tá tudo parvo, ou o quê?